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MANGUALDE "recordar"

Mangualde, no distrito de Viseu, Beira alta, Portugal, cujo foral foi concedido em 1102 pelo Conde D. Henrique. ( todo o conteúdo do blogue é divulgação de pesquisa e não autoria de "MANGUALDE"recordar" )

MANGUALDE "recordar"

Mangualde, no distrito de Viseu, Beira alta, Portugal, cujo foral foi concedido em 1102 pelo Conde D. Henrique. ( todo o conteúdo do blogue é divulgação de pesquisa e não autoria de "MANGUALDE"recordar" )

A capela do rebelo de Mangualde

A capela do Rebelo deve a sua designação mais comum ao facto de ter pertencido à casa da família com o mesmo nome. Contudo, a capela foi, originalmente, dedicada a Nossa Senhora do Desterro ou a Jesus, Maria e José, beneficiando de uma especial devoção por parte da população, que aderia entusiasticamente às festas patrocinadas pelos mordomos da Capela.
De facto, José Rebelo Castelo Branco, natural de Roriz, estabeleceu-se em Mangualde através do casamento com D. Clara Maria do Couto, fixando a sua residência nas casas que hoje acolhem a Câmara Municipal. A capela é uma intervenção posterior, tendo sido fundada em 1742, no contexto de uma dinâmica de renovação da casa de José Rebelo, que este pretendeu dignificar com a edificação de um pequeno templo anexo.
A sua construção foi relativamente rápida, uma vez que, no ano seguinte, decorria já todo o processo que conduziu à bênção da capela, numa cerimónia presidida pelo padre Gabriel Monteiro.
Resultou desta obra um espaço de características barrocas, com planta longitudinal que articula os dois rectângulos correspondentes à nave e à capela-mor, devidamente separadas pelo arco triunfal. A ligação à antiga Casa do Rebelo é feita a partir do coro que, do lado oposto, comunica com o varandim presente na única fachada lateral.
A frontaria da capela destaca-se por ser elevada em relação ao pavimento, sendo necessário percorrer os oito degraus semicirculares para aceder ao portal de entrada. Da sua composição ressalta a semelhança com a fachada da igreja da Misericórdia de Mangualde, desenhada por Gaspar Ferreira, ainda que no caso da Capela do Rebelo, o movimento seja sugerido pelas volutas adossadas no frontão triangular e não através do recorte do próprio frontão, como acontece na Misericórdia.
Na restante composição as semelhanças entre as duas frontarias tendem a diluir-se. Na capela do Rebelo o portal é ladeado por pilastras e rematado por frontão de volutas. Este último é interrompido pelo nicho de remate semicircular, que imprime essa mesma forma à cornija. Ladeiam o portal duas janelas de moldura recta, com frontão semicircular.
No interior, ganha especial relevância o retábulo-mor, de desenho invulgar, que apresenta tribuna de grandes dimensões, em cujo trono é exibido o conjunto escultórico representando Nossa Senhora, São José e o Menino, ou seja, a Sagrada Família no regresso da Fuga para o Egipto, também considerado como um período de Desterro. Na base encontram-se as imagens de São Bartolomeu e de Santa Gertrudes, a primeira das quais pertencente a uma outra capela dedicada ao santo, demolida no primeiro quartel do século XVIII. Por esta razão, José Rebelo comprou a imagem em 1738, por mil quatrocentos e quarenta reis. Na zona superior do retábulo, o tímpano é formado por um painel com a imagem do Padre Eterno.
Aberto para a capela-mor, encontra-se ainda uma tribuna, que constituía um espaço privilegiado de onde a família Rebelo assisitia aos ofícios divinos.
De acordo com os estudos de Alexandre Alves, a descendência desta família não foi muito feliz, acabando o ramo por se extinguir no século XIX. Assim, foi já uma herdeira afastada que vendeu a Casa e a Capela à Câmara, em 1856, que se instalou neste espaço, onde ainda hoje se encontra. A capela, sem utilidade de maior, conheceu uma progressiva ruína, até ao seu restauro nos anos setenta do século XX, abrindo de novo as suas portas em 1976.

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